Os Modernistas de 1922

Ruas e avenidas do Tupi homenageiam os modernistas de 192

“Eu creio que [nós], os modernistas da Semana de Arte Moderna, não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição”. Vinte anos após a semana ter sido realizada e pouco tempo antes de morrer, o escritor Mário de Andrade ofereceu, durante uma palestra, uma visão mais crítica sobre o evento de 1922, este é considerado o marco do modernismo no Brasil e de ruptura com as correntes estéticas vigentes até então.

No aniversário de 30 anos do evento ao ser questionado por um repórter sobre o evento, o poeta Manuel Bandeira também fez suas reflexões: “Acho perfeitamente dispensável comemorar o trigésimo aniversário da Semana. Que esperem o centenário. Se no ano de 2022 ainda se lembrarem disso, então sim”.

Em 13 de fevereiro deste ano completou o centenário da Semana de Arte Moderna foi lembrada e celebrada com uma exposição Centro Cultural FIESP, na capital paulista. Para o curador da exposição, “A Semana do Modernimo teve um impacto em 1922, no momento em que ela aconteceu. E isso não é uma metáfora, foi literalmente nesse momento”, disse Luiz Armando Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP), afirmou para Agência Brasil.

Modernistas 1922 - O Homem Amarelo
Modernistas 1922 – O Homem Amarelo obra de Anita Malfatti

Na exposição foi exibida uma carta escrita por Mário de Andrade e que nunca foi enviada a Manoel Bandeira, o autor fala do desencanto diante das desigualdades do Brasil e que não era possível ser moderno naquele momento e não via saída. No projeto utópico do moderno a arte poderia ser uma saída. 

Naquela época o Brasil, governado por Getúlio Vargas, era o ápice do Estado Novo. Dizia Mário de Andrade que além da desigualdade o Estado era brutal, ultraconservador, que ficava alardeando os valores da família, da pátria e de Deus, mas persegue os seus cidadãos que discordassem ou tivessem ponto de vista diferente na década de 30 eram perseguidos politicamente, presos. Mario de Andrade indagava: “Como é que você pode ser moderno em um lugar assim, em um país assim, em um país que não resolve as necessidades básicas do seu cidadão?”

Outros modernistas participaram da Semana de Arte Moderna ocorrida em fevereiro de 1922. O evento durou três dias (13, 15 e 17) com manifestação artística, política e cultural que reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores.

Os registros da história dão conta que abertura do evento foi com a palestra do escritor Graça Aranha com apresentações musicais e exposições artísticas com um grande público em uma noite tranquila.

No segundo dia houve apresentação musical, palestra do escritor e artista plástico Menotti Del Piccha e leitura, feita por Ronald de Carvalho, do poema “Os Sapos” de Manoel Bandeira. O poema é uma crítica à poesia parnasiana que causou indignação ao público com vaias, sons de latidos e relinchos.

Terceiro dia do evento, o teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical exibida por Villa Lobos. Ele subiu ao palco vestido de casaca e calçando um pé de sapato e outro de chinelo. Houve vaia por parte do público que tomou como atitude afrontosa, em seguida veio à explicação que o músico estava com um calo no pé.

Modernistas emprestam nomes para vias públicas

Anita Malfatti
Anita Malfatti é homenageada

Para os moradores do bairro Tupi alguns destes nomes são conhecidos. Manoel Bandeira, Maestro Villa Lobos, Ronald de Carvalho, Sérgio Milliet, Anita Malfatti, Pintor Di Cavalcanti, são nomes de ruas e avenidas do bairro.

As ruas bairro Tupi tem como características nome de poetas, pintores, escritores, músicos que foram celebridades no país.

Rua Maestro Villa Lobos - Foto MArcos Silva
Rua Maestro Villa Lobos no bairro Tupi – Foto Marcos Silva

Outros nomes não estão presentes na memória do povo, volta e meia são lembrados como Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga artistas populares que emprestam os seus nomes para ruas e avenidas do bairro Tupi. Temos poetas e escritores também como Lasar Segall e Jorge Amado autor de Tieta, Gabriela Cravo e Canela, tenda dos Milagres, Dona Flor e os seus dois maridos (mais de 10 milhões de espectadores), são obras adaptadas para a TV e cinema.

Você leitor sabe dizer onde é a Rua Jorge Amado no bairro Tupi? Vá ao Instagram @comunidadeemacao ou publique com a #comunidadeemacaobh e conte para gente.

Redação: Marcos Silva /JCA

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