Eleitor prova nas urnas que quer mudança

A Câmara Municipal de Belo Horizonte teve uma renovação de 58% dos vereadores eleitos para a legislatura 2021/2024. A ampliação da representação feminina no Legislativo Municipal, passando de quatro para 11 parlamentares é foi apontada como uma grande mudança expressada nas urnas em 2020. Foram reeleitos 17 vereadores e 24 são vereadores são novatos sendo que Bruno Miranda (PDT) e Walter Tosta (PL) foram vereadores em legislação anteriores.

Fazendo um recorte para a política na Região Norte, avaliação foi ruim por não conseguir eleger um dos 35 candidatos que se lançaram na disputa por um cargo na vereança da cidade. Alguns dos candidatos tiveram a chance de eleger com votação expressiva com quatro mil votos aproximados. Segundo Aloísio Aires, coordenador do coletivo Pra Mudar Beagá, a vaidade e utopia por querer fazer politica sozinha fez com que a região perdesse a oportunidade de ter um ou mais vereadores. Teve vereador que conseguiu ser eleitor por ter base eleitoral em determinada região da cidade.

Eleitor prova nas urnas que quer mudança

Reportagem: Marcos Silva – redacao1@comunidadeemacao.com.br

O eleitor compareceu mesmo com o risco da pandemia e escolheu seus representantes – Foto Marcos Silva

Dos vereadores eleitos para a próxima legislatura na Capital, 24 são novatos. Os 40 foram diplomados no dia 18/12, porém o prefeito Alexandre Kalil e o Vice Fuad Noman e um vereador não compareceram para diplomação. Ou seja, 58% dos vereadores que tomam posse no dia 01 de janeiro de 2021, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, exercerão o mandato pela primeira vez.

A renovação tende a ser não só de ideias e prioridades, mas também na própria forma de dialogar e de legislar. Alguns dos vereadores escolhidos pelo eleitor belohorizontino tiveram o voto pulverizado pela cidade, seja para representar um segmento da sociedade, religião ou por uma ideologia.

Com a pandemia a campanha eleitoral foi uma montanha Russa que mudou o relacionamento dos candidatos com o eleitor. Ganhou quem teve uma base estruturada de contatos e relação nas redes sociais. O eleitor teve que conhecer o candidato no quadradinho pela tela do computador ou celular.

Teve eleitor que escolheu o candidato por influência da mídia. Foi o caso do eleitor Francisco Carlos por ouvir falar do Alexandre Kalil (PSD) em uma emissora de rádio, mas não sabia qual vereador votar por não conhecer os candidatos e não usar as redes sociais.

Niversino Gonçalves, ex-líder comunitário do bairro Tupi, procurou o Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO para reclamar de uma “lista de projeção de candidatos com possibilidades de serem eleitos”. Classificados como favoritos e desprovida de alguma pesquisa qualificada, Niversino disse que a sua filha, Loíde Gonçalves (Podemos), perdeu muitos votos ao não ser citada nesta lista. “O povo falava que minha filha não seria eleita porque não falaram na rádio” Loíde Gonçalves obteve mais de 3900 votos sendo que 2214 deles foram na 39ª Zona eleitoral que tem 120.007 eleitores. O Jornal acertou com Nivercino para uma entrevista com a candidata, porém não houve resposta por parte da equipe da candidata.

O voto regionalizado

Wanderley Porto (Patriota) teve a maioria dos votos concentrados no Barreiro – Foto divulgação TRE-MG

Dos vereadores eleitos destacamos três vereadores que foram eleitos com maioria de votos de uma determinada região de Belo Horizonte. Wanderley Porto (segundo mais votado do Patriota) foi eleito com 3767 votos com 2207 foram conseguidos na área da Regional do Barreiro. Porto que foi secretário da Regional do Barreiro, entre outras funções, no mandato do prefeito Márcio Lacerda, conseguiu converter a sua inserção em votos na região. Em nota o vereador disse que tem projetos para toda a cidade e quer manter um dialogo aberto coma população.

Dois outros candidatos a vereador eleitos tiveram boa votação na Região Norte. A vereadora Marilda Portela (Cidadania) eleita com 4425 votos e Bruno Miranda (PDT) 5178 votos. Portela e Miranda pela ordem obtiveram 1627 e 1401 votos foram conseguidos na 39ª e 331 zonas eleitorais as duas maiores na regional Norte.

 

 

Marilda Portela (Cidadania) foi reeleita com votação expressiva na Regional Norte – foto Divulgação TRE

As votações expressivas entre os eleitos e não-eleitos citados nessa matéria mostra uma tendência de o eleitor votar naqueles candidatos que estão mais próximos e tem convívio em uma região da cidade. A solução pode estar no voto Distrital Misto. Aolongo de 2019 e parte de 2020 o assunto esteve na pauta do STE, mas com pouca repercussão na mídia. O Ministro Barroso que é atual presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (STE) fez diversas proposições para implantação do voto distrital. Ela só é possível em capitais e cidades grandes com um limite mínimo de eleitores. O assunto passou pelo Congresso Nacional e não teve aprovação dos parlamentares.

 

 

O voto distrital poderia contemplar a representatividade em Câmaras Municipais de forma igualitária. O candidato ou vereador eleito estaria mais perto do eleitor para solucionar problemas daquela região que ele representa. “não teria como ele fugir do eleitor” como disse Vivaldino que candidatou em 2020. No sentido contrario está Pablo Tiago por achar que o vereador representa todos munícipes.

No voto distrital misto o eleitor teria ou poderia ter que votar em dois vereadores, um distrital outro da cidade.

“Perdemos mais uma vez”

Foi assim que o coordenador do coletivo Transformar Beagá, Aloísio Aires definiu os resultados alcançados pelos candidatos que moram na Região Norte. Ele afirma que mapeou mais de 35 candidatos que disputaram a eleição de 2020 como base eleitoral a região.

Aloísio explica que o Transformar Beagá foi criando para debater e articular a politica local conscientizando os eleitores para eleger um vereador para representar a população na Câmara Municipal. “A ultima vez que tivemos um vereador da região foi o João Gualberto Filho” lembrou Aloísio que já disputou duas eleições – 2008/2012, não sendo eleito.

Para Aluisio Aires os moradores da Região Norte perdeu a oportunidade a oportunidade de eleger um vereador – Foto Marcos Silva

Durante de um ano Aloísio conversou com outros ex-candidatos da região com a finalidade de lançar a candidatura única. “O nosso objetivo era focar nele e tentar eleger ele e fazer um vereador da nossa região” disse Aloísio lamentado que a Região Norte não tem um vereador “com a quantidade de eleitor que temos aqui”, seria ideal para atender as demandas da região.

Aloísio destaca que a cada eleição vem vários candidatos buscar o voto do eleitor “da nossa região e ficamos na mesma situação. Hoje não temos um vereador da Norte”. Avaliando os resultados dos candidatos locais nessa eleição, Aloísio afirma que a população perdeu. Ele cita as votações expressivas dos candidatos como Loíde Gonçalves, Pablo Tiago, Gilberto do Conjunto Felicidade e o próprio candidato lançado pelo grupo, o Mutum Baterias que disputou pela primeira vez com 775 votos. Para Aloísio se esses candidatos tivessem trabalhado juntos em prol de uma candidatura teríamos um vereador eleito e “hoje a região perdeu” afirmou o coordenador do coletivo.

Visando às eleições municipais de 2024, Aloísio é propositivo convidando os ex-candidatos para integrar ao grupo que irá avaliar os erros e acertos acenando com possibilidade de eleger até dois vereadores pela quantidade de eleitores nas duas principais Zonas Eleitorais (39ª e 331ª) que compõem a Região Norte. Para Aloísio a Região Norte não elegeu um vereador por vaidade de alguns candidatos na utopia em fazer politica sozinho.

“Eleitor é corrupto”

Quem afirma é Vivaldino Neres candidatou pela primeira vez ao cargo do vereador pelo PSL e obteve 365 votos. Avaliando a votação ele considerou como positiva a experiência nas urnas. Ele apostou que os moradores da Região Norte dariam uma resposta maior em razão do projeto social que ele mantém no Tupi Lajedo envolvendo o esporte, atendimento jurídico, psicólogo e fisioterapeuta.

Vivaldino faz criticas à comunidade que elege candidatos à vereador que vem de outra região com promessas que só ficam no material propaganda eleitoral. Para Vivaldino não é só politico que é corrupto, mas o eleitor também, que se vende em troca de churrasco e cachaça, saco de cimento ou telha. Segundo Vivaldino o eleitor não reconhece quem faz algo para a comunidade e fica iludido com as propostas “no papel que o candidato apresenta”.

Defensor do Voto Distrital, que para ele seria o ideal. O eleitor votaria em candidato da sua Zona Eleitoral, “candidato que fosse” ressaltando a ideologia partidária. Vivaldino apoia a ideia de um trabalho de conscientização politica com os moradores ressaltando a importância do voto e suas consequências. Para Vivaldino “a comunidade não sabe votar, não faz o dever de casa”. Ele afirma que os candidatos trazem propostas recorrente das eleições anterior e o eleitor não pesquisa quem é o candidato antes de votar. “Eles não fizeram nada pela Região Norte” concluiu lembrando que muitos dos eleitos fazem promessas e não realizam nada. Ele acrescentou que a região “é dominada pela esquerda” nas unidades de saúde e escolas e isto para Vivaldino é fator complicador para um candidato de direita ser eleito.

Escolha errada

Em sua segunda candidatura Pablo Tiago (DC) viu a oportunidade de ser eleito escapar por erro de estratégia politica. Repórter de conteúdo para Internet e TV ele obteve uma votação expressiva de com 3253, considerando na sua avaliação que em torno de 74% dos votos vieram das Zona Eleitorais que compõem a Região Norte.

Pablo Tiago lamentou o erro ao escolher o DC como partido para candidatar. Foi bem votado  mas não levou – Foto; Redes Sociais

Em 2016 quando disputou a eleição para vereador pelo PROS, Pablo obteve mais de 1500 votos ficando na suplência. Desta vez nem mesmo a suplência ele conseguiu.

Pablo, 36 anos, tem militância no movimento comunitário e social da igreja católica no bairro Guarani, explica que houve problema no Partido que não conseguiu formar a chapa para disputar a eleição.

“Inicialmente tínhamos a chapa com 60 nomes. Na convenção fechamos com 40 e poucos e para minha surpresa já éramos 29 pessoas (durante a campanha) e mesmo assim fomos para cima para chegar a um número, mas infelizmente não deu” comentou Pablo. Ele acha que a falta de um candidato para prefeito influenciou no voto de legenda além da falta de apoio do partido que estava desorganizado. Agradecido pela votação que recebeu ele lamentou o erro ao escolher o partido e por não ter um mentor na política que lhe orientasse.

Ele afirma que o eleitor foi mais participativo nesta eleição em razão da atuação nas redes sociais e por ser repórter em programa de TV. “O eleitor queria saber sobre novas ideias e propostas” explicou Pablo.

Perguntamos se o voto distrital seria a solução para o caso dos candidatos regionalizados que tiveram vários votos na Região Norte. Pablo disse ter “uma desconfiança” embora tenha concentrado a campanha na região ele pediu ao eleitor que votasse em candidatos da região. Ele justifica dizendo que atuação dele como liderança de um segmento da comunidade local o ajudou conquistar os votos na região. “Vejo muitos problemas que a nossa região carece por não ter uma liderança, não ter um representante ou mesmo um vereador que esteja próximo da população” diz Pablo lembrando que o vereador legisla para toda a cidade. Ele não conseguiu afirmar se o eleitor estaria preparado para entender da importância ter o representante local na Câmara Municipal.