Centro de Saúde Tupi _ foto@marcossilvabhz

O novo Centro de Saúde Tupi, porém a polêmica continua

A Prefeitura de Belo Horizonte concluiu e entregou a nova sede do Centro de Saúde Tupi. A unidade faz parte da Parceria Pública Privada (PPP). Com infraestrutura mais ampla e moderna, a unidade conta com mais uma equipe do programa Estratégia Saúde da Família, passando de três para quatro.

Porem a polêmica do remanejamento dos usuários entre as unidades de saúde continua. Prejudicada a população encaminhou a demanda para a Câmara Municipal de Belo Horizonte, mas somente três vereadores responderam o questionamento da população.

Nova sede de Centro de Saúde Tupi

O novo Centro de Saúde Tupi, na Rua Jorge Amado, S/N, começou a funcionar. Com infraestrutura mais ampla e moderna, a unidade conta com mais uma equipe do programa Estratégia Saúde da Família, passando de três para quatro. Com essa ampliação, o Centro de Saúde passa a ser referência também para moradores do bairro Lajedo e atenderá cerca de 12 mil morador

A unidade possui equipe de apoio composta por clínico, ginecologista, equipe de saúde mental e bucal. Também integram os serviços prestados à população equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica formada por psicólogo, fisioterapeuta, farmacêutico, nutricionista, fonoaudiólogo e educador físico. O Centro de Saúde oferece ainda atividades coletivas como Lian Gong.

A nova sede conta com dois andares com integração dos ambientes e revestimentos de fácil higienização. São 10 consultórios, sendo um odontológico; salas de espera, triagem, procedimentos, curativo, coleta, vacina, higienização e multiúso; farmácia; zoonoses; setores administrativos, dentre outros.

Conforme a Prefeitura informou, a nova sede do Centro de Saúde Tupi faz parte do pacote de obras da Prefeitura que prevê a reconstrução de 40 centros de saúde, uma Central de Material Esterilizado e um laboratório central, por Parceria Público Privada.

Transferência não agrada

A insatisfação com a transferência dos usuários dos Centros de Saúde (CS) ganhou proporção. Não são somente os usuários do Centro de Saúde Guarani que reclamaram da mudança do local de atendimento imposta pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sem consultar a população. Depois das reportagens do Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO quando representantes da Comissão Local do CS Guarani questionaram o processo de transferência de unidades de saúde, mais reclamações chegaram ao nosso Serviço de Apoio a Comunidade (SAC).

 

Cristina Sena procurou vários vereadores pedindo a mediação Foto: @marcossilvabhz | JCA

Desta vez as reclamações são dos usuários que eram atendidos no CS Tupi redirecionados para os Centros de Saúde dos bairros Floramar e Jardim Felicidade. É o caso de Cristina Isabel de Sena (49), a dona de casa que mora há 50 anos no Tupi a dois quarteirões do CS Tupi, percurso que ela superava em 5 minutos a pé para o atendimento de saúde. As pessoas têm agora que caminhar até 30 minutos para chegar aos centros de saúde no Floramar ou Jardim Felicidade.

Na primeira reunião da gerência do Centro de Saúde com os moradores, na Igreja São Judas Tadeu no Tupi, foi para comunicar a transferência de Centro de Saúde aproximadamente cerca de 600 famílias disse Cristina.

Insatisfeitos os moradores solicitaram reunião com o Moisés Gonçalves, diretor Regional de Saúde, e pediram mais informações. Segundo relatou Cristina Sena, a reunião com os usuários o diretor Distrital de Saúde Norte, foi tensa. Não houve esclarecimento dos critérios aplicados para o redirecionamento dos usuários os centros de saúde do Floramar e Jardim Felicidade. A informação passada na reunião para os moradores é que “a Prefeitura usou drone para contar (a população)”, não houve uma consulta previa ou explicação para justificar a mudança.

Mas não pudemos falar mais nada, tava tudo pronto” disse a moradora deixando claro que a situação é irreversível.

Indignada e sentindo desrespeitada, Cris-tina Sena explica que a Prefeitura não considerou a situação dos usuários acamados e o idoso quem tem dificuldades de locomoção.

Na reunião Cristina ouviu do representante da Prefeitura que foi necessário remanejar os usuários do Tupi Mirante e da Rua das Flores no Lajedo para o CS Tupi, por isso tiveram que “dar o lugar para eles”, contou a moradora.

Indignada e sentindo desrespeitada, Cristina Sena explica que a PBH não considerou a situação dos usuários acamados e os idosos, ela esperava que os vereadores fiscalizassem as ações da Prefeitura Foto:@marcossilvabhz | JCA

Mas não tem jeito mais, já está resolvido” foi o que ouviram do diretor de Saúde no final da reunião. Cristina elogiou os profissionais do Centro de Saúde Tupi, ressaltando atenção que eles dão aos usuários.

Para Tarcísio Alves Abreu Vieira, morador do há 19 anos no Tupi, usuário transferido do Centro de Saúde Guarani para o do Tupi. Ele elogiou a nova unidade do centro de saúde e disse que é necessário os aguardar os funcionários adaptarem com a nova unidade. “É melhor do que o do (antigo) Tupi, eu gostei”.

Usuário do SUS, Tarcísio afirmou que foi bem atendido no Centro de Saúde do Tupi, mas reclama que demora nos atendi-mentos. Ele afirma que no Centro de Saúde do Guarani o atendimento era mais rápido comparado com a unidade do Tupi.

 

Esperando respostas dos vereadores

Além do abaixo-assinado dos moradores revindicando o retorno ao antigo Centro de Saúde, Cristina Sena enviou e-mail para vários vereadores de Belo Horizonte pedindo providências para reverter à situação. Ela citou os vereadores Pedro Patruz, (PT) Nikolas Ferreira (PL), Miltinho CGE (PDT), Iza Lourença (PSOL), Gabriel (sem partido), Henrique Braga (PSDB), Bruno Miranda (PDT), Bim da Ambulância (Avante), Dr. Célio Froís (PSC). Somente os vereadores Gabriel e Henrique Braga que encaminharam a reclamação para Prefeitura, alguns trocaram mensagens pelo whatsapp com Cristina Sena pedindo mais informações.

 

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A Cristina Sena criticou o vereador Bruno Miranda (PDT) por somente olhar os interesses dos usuários Centro de Saúde Guarani. “O senhor Bruno Miranda está olhando apenas para os moradores que estão no Guarani e nós também fomos afetados, pois, além de ficar longe o posto (que) está superlotado. A prefeitura quando nos chamou para reunião foi para comunicar o que já havia feito. Em momento algum fomos convidados a participar de reuniões sobre a transição dos postos e com isso ficamos prejudicados”, disse a usuária.

O Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO procurou os gabinetes dos vereadores citados por Cristina Sena na reportagem. Os vereadores Henrique Braga (PSDB) e Nikolas Ferreira (PL) responderam. Braga encaminhou cópia do ofício com a resposta da Prefeitura. No ofício assinado pelo Josué Valadão, secretário de Governo, a justificativa para mudanças foi uma decisão de Nível Central em outubro de 2021 onde as unidades de saúde PPP’s receberiam seis equipes de Saúde da Família. Em outro trecho do ofício a Prefeitura ressalta a discrepância entre os números da população das unidades de saúde com crescimento irregular, aumento de ocupações e construção de condomínios. Dai a necessidade de mudanças nas áreas de abrangências. A lógica, segundo consta no ofício, as unidades da PPP’s oferecem mais espaço para viabilizar um atendimento de melhor qualidade.

Para a instalação dos novos Centros de Saúde a Prefeitura optou por usar somente os terrenos que são do município.

O vereador Nikolas Ferreira (PL) encaminhou ofício do seu Gabinete para Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte, segundo assessoria do vereador ainda não foi respondido. Os demais vereadores não responderam a nossa solicitação até o encerramento da reportagem.

Em nota, a Prefeitura explicou que: “A Secretaria Municipal de Saúde informa que, dentre os projetos prioritários para a Atenção Primária à Saúde, está à reorganização das áreas de abrangência das unidades. Para isso, é considerado o aproveitamento da infraestrutura dos novos equipamentos, além da distribuição equilibrada da população entre as equipes de Saúde da Família disponíveis.

Em relação à situação específica citada, após nova análise, parte da área de abrangência referenciada no Centro de Saúde Floramar retornou para o Centro de Saúde Tupi. É importante reforçar que, somente caso necessário, as mudanças são realizadas para garantir assistência aos usuários e manter o pleno atendimento. Para informar a população sobre as alterações, são feitas reuniões com a Comissão Local de Saúde.” (MS)

Reportagem | Fotos: Marcos Silva

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