Pelo segundo ano a Rua Graciliano Ramos tem uma iluminação de Natal. Um gesto de gentileza para com a comunidade do bairro Tupi os moradores, liderados por Edinho, decoram a rua que virou atração na Zona Norte de Belo Horizonte. Admiração e encantamento com a iluminação pode ser medida com os comentários das pessoas que passam no local. Uma pacata do bairro ganha um fluxo enorme de gente filmando e fotografando a magia da iluminação do Natal.
Um gesto de gentileza para com o bairro
O que você espera encontrar em uma rua pacata e de pouco movimento em um bairro? O leitor descreveria uma via ladeada de diversos tipos casas, com árvores nas calçadas, uma ou outra pessoa indo ou vindo das compras e um cachorro caramelo perambulando pela rua. Eventualmente o cotidiano desta rua seria quebrado por um carro de som estridente anunciando vassouras, ora o sorvete, em outro momento o carro do ovo ou a música do carro do gás.
Uma das ruas do bairro Tupi é um exemplo da descrição acima que raramente tem um evento para quebrar esta rotina. A transformação começa no final de novembro e durante o mês de dezembro com a magia do Natal.
Pelo segundo ano, os moradores da Rua Graciliano Ramos, movidos pelo sentimento e o espírito natalino, se mobilizam para enfeitar a rua e as fachadas das casas com decoração de Natal. São praticamente dois quarteirões onde predomina a iluminação de pisca-pisca que contornam árvores e fachadas das casas.
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A iniciativa de enfeitar a rua foi do Edson Cândido, conhecido no bairro como Edinho. No final de 2020 ele fez a decoração no muro e na árvore em frente da residência dele. Antes mesmo de concluir a vizinha em frente solicitou para que ele fizesse a decoração na árvore na calçada dela, conta Edinho.
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Apaixonado pela época do Natal, assim que Edinho define o seu sentimento pela magia que é o espírito natalino. Ele explica que a atitude de mobilizar os moradores para decorar a rua e as casas com a iluminação de natal um ato de gentileza para com o bairro e resgatar o espírito natalino entre os moradores. Edinho relata que no passado no bairro era comum encontrar decoração de natal em algumas ruas do bairro, “Mas as pessoas foram deixando de lado isso, explica o morador que ver o gesto dele e vizinhos serem multiplicados no bairro. Edinho diz que a ideia não criar uma competição de uma rua mais bonita que a outra, mas de manter a tradição do natal, a solidariedade e a união entre os vizinhos.
Comparando com o ano de 2020 este ano mais moradores da mesma rua aderiram à iniciativa da iluminação de natal. No quarteirão seguinte os moradores também decoraram a rua e fachada das residências. Edinho vê que a repercussão é positiva entre os moradores do bairro e dos bairros vizinhos. “A noite toda passam por aqui filmando e comentando como a rua está bonita” diz Edinho acrescentando que já recebeu até manifestação de fora do país como a rua ficou bonita.
Tem presépio também
O espírito do Natal também está no interior das residências. Em duas das casas da mesma rua tem o presépio que é a representatividade do nascimento de Cristo. Na residência da Elza Batista o presépio está montado na varanda da casa, o que permite às pessoas que visitam a rua decorada com a iluminação do Natal, um momento de contemplação. Há anos ela mantém a tradição, que ela herdou dos pais, de montar o presépio em casa. Elza conta que a mãe dela montava o presépio e ela continuou com a tradição. “Desde que casei há mais de 60 anos e mudei para o bairro e continuei”, Elza explicando que depois de alguns anos ela passou a montar o presépio na varanda da casa e estendeu com os enfeites na árvore em frente da casa dela. Uma representatividade de fé cristã e religiosidade que Elza traz de família que veio do interior. Para ela é difícil mensurar a fé das pessoas diante da religiosidade, mas que “a gente tem que aceitar como é cada um é”, explicando que ela recebeu esta orientação da mãe dela e continua praticando.
A moradora recebe visitas para a contemplação do presépio e de madrugada é surpreendida com pessoas na grade da casa fotografando ou filmando o presépio.
Outra família que tem a tradição de montar o presépio em casa é de Wanda Moreira O presépio foi montado aos poucos adquirindo as imagens da Feira Hippie, “primeira peça que comprei foi o Menino Jesus”, até completar o conjunto de peças que simbolizam o nascimento de Cristo.
“Antes eu montava a árvore de Natal usando galhos secos, algodão e as bolas de natal” conta a moradora de mais 50 anos no bairro Tupi. Ela carrega a tradição que aprendeu com avó dela se lembrando de outras tradições, Pastorinhas e Folias de Reis, “É para lembrar o nascimento de Jesus que já nasceu há muitos anos “, completou. Ela lamenta que atualmente os jovens não tenham a mesma dedicação à formação cristã e religiosidade.
Wanda conta que ela e a vizinha Elza foram às primeiras famílias a montar os presépios entre os moradores da Rua Graciliano Ramos no Tupi.
Reportagem e Fotos: Marcos Silva | redacao2@comunidadeemacao.com.br