Sudecap fará obra de contenção avenida
Basílio da Gama
Reportagem: Marcos Silva
redacao2@comunidadeemacao.com.br
A Prefeitura da Capital anunciou hoje (7/4) que fará obra de contenção na Avenida Basílio da Gama no Tupi B na regional Norte. A Sudecap assinou a ordem de serviço para dar início a obra que dará estabilidade a barranco localizado na avenida. Segundo informou a Prefeitura, a obra inclui contenção de encosta em gabião e muro grampeado para restabelecimento do maciço do talude.
A intervenção dará estabilidade ao barranco que corre o risco de ceder em função das chuvas do final de 2020. A Sudecap vem monitorando o local. Dentre os serviços que serão realizados estão demolições e remoções, trabalhos em terra, contenções, serralheria, pintura, drenagem, pavimentação, urbanização e obras complementares.
Por se tratar de área de preservação permanente, as obras seguem diretrizes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para a redução de impactos ambientais.
Estão sendo investidos aproximadamente R$ 1,1 milhão nesse trabalho. A previsão de término da obra é em agosto deste ano.
Situação da Basílio da Gama
Indefinida a urbanização complementar da Avenida Basílio da Gama no Tupi B, obra conquistada no Orçamento Participativo Digital de 2011 se arrasta há 10 anos. Está previsto no escopo da obra: tratamento de fundo de vale e a canalização do córrego que e recebe esgoto clandestino do Hospital Sophia Fedman, abertura e urbanização da via e algumas desapropriações.
Não bastasse morar em local com lixo, animal peçonhento e esgoto hospitalar na porta, a população em torno da avenida tem a ameaça de desmoronamento dos barrancos às margens do córrego. De um lado estão às casas e a creche do Hospital Sofia Feldman ameaçadas pela queda do barranco. Na outra margem, os moradores vivem com a perspectiva de ficarem isolados a cada chuva que deixa a única via de acesso mais estreita em detrimento da queda do barranco.
Na edição de janeiro/fevereiro o Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO trouxe a reclamação e insatisfação dos moradores no trecho final da avenida Basílio da Gama. O líder comunitário e coordenador do movimento SOS Basílio da Gama, Robson Motta, questionou da falta de transparência e informação referente à obra conquistada no OP Digital 2011 com mais de cinco mil votos.
Na época a Prefeitura informou em nota enviada à redação do Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO, que as obras na Avenida Basílio da Gama foram aprovadas no Orçamento Participativo (OP) de 2011. “Durante os estudos para sua execução, foi detectado que o escopo aprovado não solucionaria as questões de saneamento e redução de riscos de inundações na avenida, sendo apenas uma solução pontual para o local que deslocaria os problemas para outros trechos”, acrescentando que o local necessitava de obra mais complexa e que encontrava-se em estudo de viabilidade.
A creche em risco
O local que terá intervenção para dar estabilidade ao barranco que corre o risco de ceder (desde das chuvas do final de 20200, é o fundo da Creche José de Souza Sobrinho que acolhe os filhos dos funcionários do Hospital Sophia Feldman funcionando há 18 anos no local atendendo a 100 crianças.
“Já há alguns anos vivemos desafios, porém jamais houve qualquer deslizamento em parte do pátio da creche ou na edificação.” ·.
Em janeiro 2020 a direção do Hospital informou ao Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO a preocupação com a obra “inacabada na mencionada avenida e, neste sentindo, temos feito inúmeras solicitações à Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de mensagens de e-mails e ofícios direcionados à Superintendência de Desenvolvimento da Capital – SUDECAP, para que a obra, indispensável para contenção do talude, seja executada em caráter prioritário”.
O hospital explicou que por medida de proteção às crianças e funcionários da Creche, a Defesa Civil é acionada a cada período chuvoso ou sempre que necessário, para avaliação do local e que na avaliação, em dezembro/2019, o Órgão considerou a área como de risco médio e orientou à Direção do Hospital Sofia Feldman maior atenção quanto aos possíveis movimentos da encosta.
Com as chuvas de dezembro de 2020 boa parte do barranco cedeu levando parte do pátio da creche e junto o viveiro com os animais da Creche que estavam no pátio. A coordenação da Creche acionou a Defesa Civil, que registrou a ocorrência, porém, devido ao elevado número de chamados de urgência, não puderam comparecer no local. Diante da insegurança na época, a decisão tomada foi desocupar o local.
Entender o caso
Parte da Avenida Basílio da Gama foi urbanizada com recursos conquistados nos Orçamentos Participativos de 1996. O que foi feito: drenagem e pavimentação entre as ruas Hugo de Carvalho e Lucílio de Albuquerque com o investimento: R$1.036.041,62. Início: novembro/1996 com conclusão agosto/1997 No ano de 1997 Iniciou em setembro/1999 concluída em março/2000 foram investidos R$1.747.073,65 na canalização, pavimentação e tratamento de fundo de vale entre as ruas Lucílio de Albuquerque e Joaquim Cardoso.
Em outubro de 2009 foi realizada uma Audiência Pública na Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Belo Horizonte para debater a situação da Avenida. Participaram diretores da Copasa e Sudecap. Entre os questionamentos foram pontuados o lançamento clandestino do esgoto do Hospital Sophia Feldman no córrego da avenida.
Duas falas chamaram atenção durante a Audiência. A Copasa admitiu que tivesse conhecimento do esgoto clandestino. Neuzinha Santos (PT) que na época era vereadora, afirmou que era fácil de resolver o problema entre a Copasa e Prefeitura de Belo Horizonte.
Em 2011 a Prefeitura colocou no OP Digital quatro obras por Regional para a população escolher qual seria executada como prioridade com recursos R$5.500,00*
Revitalização do Campo do Tupinense 21% (2440 votos)
Instalação de câmeras de vide monitoramento 20% (2348 votos)
“Tratamento de fundo de vale da Av. Basílio da Gama 44% (5086 votos)”
Requalificação da Av. Waldomiro Lobo 14% (1650 votos)
*Atualmente a mesma obra tem o custo estimado entre R$7 e R$10 milhões.
Em 2018 novamente a Câmara Municipal interveio na questão da Avenida Basílio da Gama. Por iniciativa do vereador Edmar Branco (Avante), este promoveu uma visita técnica ao local, com a presença de representantes da Prefeitura e Copasa. Da visita técnica a única ação efetiva foi a supressão de duas árvores, roçaram o mato e a retirada de lixo que estava às margens do córrego.