CHUVAS CAUSAM ESTRAGOS NA ZN

As chuvas que caíram a partir da segunda quinzena de janeiro trouxeram problemas à cidade. As inundações e prejuízos desta vez atingiram de maneira mais forte os bairros das regionais Centro-Sul, Oeste e Barreiro. Na Vila Bernadete região do Barreiro sete pessoas, incluindo uma criança de três anos, morreram após o deslizamento de encosta ocorrido na sexta-feira (24/01).

A Região Norte também teve problemas em alguns pontos. Na Avenida Cristiano Machado ficou alagada no trecho que separa a Regional Norte da Pampulha. No bairro Tupi aconteceram cinco deslizamentos de barrancos que afetaram casas e ruas. Na Avenida Basílio da Gama o deslizamento de um barranco colocou em risco a Creche do Hospital Sofia Feldman. Na Rua Aníbal Machado parte de uma casa caiu devido a infiltrações. Outro local que teve deslizamento de barranco foi no campo do Tupinense e na Rua Furquim Werneck.

A Defesa Civil continua divulgando alertas por meio SMS sobre pancadas de chuvas e risco geológico que coloca em risco de queda de muros e deslizamento de barranco. Para receber os alertas a pessoa precisa enviar mensagens de SMS com o CEP da área que mora ou trabalha para o número 40199.

CHUVAS CAUSAM ESTRAGOS NA ZONA NORTE

As fortes chuvas sobre a Capital Mineira a partir da segunda quinzena de janeiro causaram problemas na cidade. As inundações e prejuízos desta vez atingiram de maneira mais forte os bairros das regionais Centro-Sul, Oeste e Barreiro. Na Vila Bernadete região do Barreiro, sete pessoas, incluindo uma criança de três anos, morreram após o deslizamento de encosta ocorrido na sexta-feira (24/01).

Aproximadamente 30 bombeiros militares trabalham no local, além do pessoal da Prefeitura. Nas buscas, as equipes de resgate usam método semelhante aos utilizados nos resgates em Brumadinho, também em Minas, depois do rompimento da barragem da Vale no ano passado, chamada de “escavação hidráulica” – quando os militares jogam água para remover a terra.

A chuva também causou danos nos bairros São Bento, Santa Lúcia e Cidade Jardim, locais que as águas invadiram os comércios. Na Praça Marília de Dirceu, um das regiões com o metro quadrado de imóvel mais caro da cidade, a inundação causou estragos. As prontas recuperações da região por parte da Prefeitura motivaram criticas da população ao prefeito Kalil. Ele se defendeu dizendo das necessidades das pessoas locomoverem para chegar ao trabalho e deu como exemplo que também Avenida Tereza Cristina, que está em outra região da cidade, recebeu atenção especial da equipe de manutenção da Prefeitura.

Segundo a Defesa Civil, Estadual 13 pessoas morreram (até dia 11/2) em Belo Horizonte. Doze foram após deslizamento sendo sete na Vila Bernadete e cinco no Jardim Alvorada.

Regional Norte

Na Região Norte a Avenida Cristiano Machado ficou alagada na divisa das Regionais Norte e Pampulha. A situação é recorrente no local, pois é onde passa o ribeirão Pampulha que deságua no ribeirão do Onça.

No bairro Tupi três casas foram afetadas com deslizamentos de barranco. Uma casa no Tupi Mirante (foto), a segunda na Rua Aníbal Machado no Tupi e outra parcialmente afetada na Rua Furquim Werneck. Nesta última o barranco que desceu interditou a rua e precisou da equipe de apoio disponibilizada pela Prefeitura para retirar a terra e liberar a via para circulação dos veículos.

Na Rua Gil Morais de Lemos parte do barranco cedeu levando parte da rua e caindo no campo do Tupanense derrubando o alambrado. Nesta rua existiam problemas de trincas no asfalto desta vez levou todo o muro de arrimo.

O barranco no campo cederam levando parte da rua e o alambrado

Outro ponto com problemas foi na Avenida Basílio da Gama no Tupi B. Na parte da avenida que não é urbanizada o barranco também cedeu e levou parte do pátio da creche que acolhe os filhos dos funcionários do Hospital Sofia Feldman.

No campo do Tupinense

Rogério Otoni Matos, morador da Rua Gil Morais de Lemos ao lado do campo do Tupinense, disse que não foi surpresa a queda do barranco e por consequência, o alambrado do campo. A rua já apresentava rachaduras no asfalto provenientes das chuvas de anos anteriores. Na época a Prefeitura fez intervenções paliativas para minimizar o problema, com as chuvas no dia 24 de janeiro o barranco cedeu levando parte da rua e do alambrado do campo.

Os barrancos no campo do Tupinense cederam

Rogério conta que a Defesa Civil fez uma avaliação, mas ele teme que continuando as chuvas, a situação se agrave e caia o restante do barranco, prejudicando a rua. “Com a água infiltrando, a tendência é cair todo o alambrado (do campo) da Rua Gil Morais de Lemos. A gente sabe que outros lugares tá tendo problemas, mas é a perda de uma rua.” diz Rogério. Ele completou com esperança que a Defesa Civil, Prefeitura e o Tupinense tomem providências para solucionar o problema. Rogério lembrou que durante as obras de reforma do Estádio Isaías Gougher (campo do Tupinense) os tubulões da contenção do barranco foram rasos “em torno de 3 metros” e perfurados manualmente.

Dílson Veloso (Dilsinho), diretor do Tupinense, lamentou a situação do campo, mas tem como consolo a queda do barranco não ter causado vítimas. “A gente está aqui vendo com tristeza a situação do campo, mas sabe que tem pessoas vivendo situação pior por ter perdido tudo, casa até a vida com as chuvas, a gente ainda tem como resolver este problema (do campo).” Dilsinho completou dizendo que tem pessoas em situação pior. O diretor do Tupinense disse que o clube vai procurar a Prefeitura em busca de solução do campo.

Reconstrução da Cidade

Durante entrevista o prefeito Kalil afirmou que os estragos causados pelas chuvas dos últimos dias serão reparados o “mais rápido possível” e pediu à população que confie na equipe do governo.

“O que eu vim dizer para a população de Belo Horizonte é que nós vamos recuperar a cidade, isso está definitivamente planejado e equacionado. O apavoramento da população de Belo Horizonte só não é maior que o da administração de Belo Horizonte”, disse.

Recursos para as medidas emergenciais já estão assegurados no caixa da Prefeitura, que ainda receberá R$ 200 milhões do governo estadual e parte dos R$ 891 milhões disponibilizados pelo governo federal para cidades atingidas pelas chuvas em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Em Belo Horizonte equipes de manutenção foram distribuídas nas regionais para atender as emergências como deslizamentos de barrancos. Uma equipe esteve na Rua Furquim Werneck onde desobstruiu a via do bairro Tupi. Nos outros bairros as maquinas, tratores e várias equipes da SLU atuaram na limpeza da cidade.

O prefeito ressaltou ainda que, enquanto houver a previsão de chuvas as equipes de manutenção permanecerão nas ruas da capital como parte do plano emergencial desenvolvido pela Prefeitura.

As pessoas que tiveram que deixar suas casas por orientação da Defesa Civil, também receberam assistência da Prefeitura. Além da reserva de aproximadamente 500 vagas em pousadas custeadas pelo município, foram distribuídos, colchões, cobertores e jogos de lençol, além de cestas básicas e refeições prontas.

Situação da Basílio da Gama

Na Av. Basílio da Gama o barranco cedeu arrastando parte do pátio da Creche do Hospital Sofia Feldmam junto com o viveiro

Indefinida a urbanização complementar da Avenida Basílio da Gama no Tupi B, obra conquistada no Orçamento Participativo Digital de 2011 que se arrasta há anos. Está previsto no escopo da obra de tratamento de fundo de vale a canalização do córrego que tem esgoto a céu aberto e recebe esgoto clandestino do Hospital, abertura e urbanização da via e algumas desapropriações.

Não bastasse morar em local com lixo, animal peçonhento e esgoto hospitalar na porta, agora a população em torno da avenida tem a ameaça de desmoronamento dos barrancos às margens do córrego. De um lado estão às casas e a creche do Hospital Sofia Feldman ameaçadas pela queda do barranco. Na outra margem, os moradores vivem com a perspectiva de ficarem isolados a cada chuva que deixa a única via de acesso mais estreita em detrimento da queda do barranco.

O líder comunitário e coordenador do movimento SOS Basílio da Gama, Robson Motta, reclama da falta de transparência e informação referente à obra conquistada no OP Digital 2011 com mais de cinco mil votos.

“Estamos tentando de tudo nos” últimos oito anos, período que obra foi aprovada OP Digital, já apelamos para imprensa, inúmeras reclamações na PBH, reuniões na regional, vereadores e deputados, mas infelizmente a obra de extrema urgência não sai do papel e a esperança dos moradores se esgota a cada dia. Informação que temos é que o projeto de execução efetuado há alguns anos não atende objetivos da obra e o mesmo terá que ser refeito. Resumo, não temos nada. “A Situação se agrava a cada dia, com as quedas de barrancos a pequena passagem de carro está comprometida e uma creche também em estado crítico, sem contar com as inundações, sujeiras e animais peçonhentos”.

A reportagem do Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO esteve no local, no sábado 18/01, e constatou a situação da via e a ameaça da queda do barranco que faz fundo para creche, ameaça esta que já foi denunciada por moradores. Na segunda-feira (20/01) o Jornal solicitou informações à Prefeitura sobre a obra e da Defesa Civil diante da ameaça da queda do barranco. A solicitação também foi encaminhada para a direção do Hospital Sofia Feldman diante à eminência de queda do barranco estava desmoronando antes das fortes chuvas daquela semana.

As respostas

Em nota enviada à redação do Jornal COMUNIDADE EM AÇÃO, a Prefeitura informou: “A Prefeitura de Belo Horizonte esclarece, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, que as obras na Avenida Basílio da Gama foram aprovadas no Orçamento Participativo (OP) de 2011. Durante os estudos para sua execução, foi detectado que o escopo aprovado não solucionaria as questões de saneamento e redução de riscos de inundações na avenida, sendo apenas uma solução pontual para o local que deslocaria os problemas para outros trechos. O local necessita de obra mais complexa que, no momento, encontra-se em estudo de viabilidade. Importante ressaltar que a Sudecap já realiza serviços rotineiros de tapa buracos, limpeza e desobstrução na entrada das manilhas, limpeza do córrego, capina e serviços de manutenção arbórea no local”. Quanto ao posicionamento da Defesa Civil não obtivemos resposta.

O Hospital informou através de nota que a Creche José de Souza Sobrinho funciona há 18 anos no local, onde há uma encosta, tem um córrego e a Avenida Basílio da Gama. A creche atende 100 crianças filhos de trabalhadores da Instituição.
“Já há alguns anos vivemos desafios, porém jamais houve qualquer deslizamento em parte do pátio da creche ou na edificação.” ·.

“Existe uma obra inacabada na mencionada avenida e, neste sentindo, temos feito inúmeras solicitações à Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de mensagens de e-mails e ofícios direcionados à Superintendência de Desenvolvimento da Capital – SUDECAP, para que a obra, indispensável para contenção do talude, seja executada em caráter prioritário”.


Em outro trecho da nota da assessoria do hospital explica que por medida de proteção às crianças e funcionários da Creche, a Defesa Civil é acionada a cada período chuvoso ou sempre que necessário, para avaliação do local. Segundo a nota na última avaliação, em dezembro/2019, o Órgão considerou a área como de risco médio e orientou à Direção do Hospital Sofia Feldman maior atenção quanto aos possíveis movimentos da encosta.


A direção do Hospital explicou que na sexta-feira, dia 24, a encosta cedeu e junto o viveiro com os animais da Creche que estavam no pátio. A coordenação da Creche acionou a Defesa Civil, que registrou a ocorrência, porém, devido ao elevado número de chamados de urgência, não puderam comparecer no local. Diante da insegurança, a decisão tomada foi desocupar o local até que tenham novo parecer do Órgão responsável.

Entender o caso

Parte da Avenida Basílio da Gama foi urbanizada com recursos conquistados nos Orçamentos Participativos de 1996. O que foi feito: drenagem e pavimentação entre as ruas Hugo de Carvalho e Lucílio de Albuquerque com o investimento: R$1.036.041,62. Início: novembro/1996 com conclusão agosto/1997. No ano de 1997 Iniciou em setembro/1999 concluída em março/2000 foram investidos R$1.747.073,65na canalização, pavimentação e tratamento de fundo de vale entre as ruas Lucílio de Albuquerque e Joaquim Cardoso.

Obra da Av. Basílio da Gama em uma das etapas do Orçamento Participativo – foto do Movimento SOS Basílio da Gama

Em outubro de 2009 foi realizada uma Audiência Pública na Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Belo Horizonte para debater a situação da Avenida. Participaram diretores da Copasa e Sudecap. Entre os questionamentos foram pontuados o lançamento clandestino do esgoto do Hospital Sophia Feldman no córrego da avenida. Duas falas chamaram atenção durante a Audiência. A Copasa admitiu que tivesse conhecimento do esgoto clandestino. Neuzinha Santos (PT) que na época era vereadora, afirmou que era fácil de resolver o problema entre a Copasa e Prefeitura de Belo Horizonte.

Em 2011 a Prefeitura colocou no OP Digital quatro obras por Regional para a população escolher qual seria executada como prioridade com recursos R$5.500,00*

Reprodução site PBH

Revitalização do Campo do Tupinense 21% (2440 votos)

Instalação de câmeras de vide monitoramento 20% (2348 votos)

“Tratamento de fundo de vale da Av. Basílio da Gama 44% (5086 votos)”

Requalificação da Av. Waldomiro Lobo 14% (1650 votos)

*Atualmente a mesma obra tem o custo estimado entre R$7 e R$10 milhões.

Em 2018 novamente a Câmara Municipal interveio na questão da Avenida Basílio da Gama. Por iniciativa do vereador Edmar Branco (Avante), este promoveu uma visita técnica ao local, com a presença de representantes da Prefeitura e Copasa. Da visita técnica a única ação efetiva foi a supressão de duas árvores, roçaram o mato e a retirada de lixo que estava às margens do córrego.

A população está indignada diante da postura da Prefeitura que revitalizou o campo do Tupinense e instalou câmeras de vídeo-monitoramento na região subvertendo o que foi decidido pela comunidade.