A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) está prestes a votar um Projeto de Lei que pode transformar o tratamento de pessoas com diabete tipo 1 na capital mineira. A proposta prevê que a Prefeitura forneça gratuitamente sensores de monitoramento contínuo de glicose, juntamente com os insumos necessários, para pacientes diagnosticados com diabete tipo 1 residentes na cidade.
A proposta será votada na CMBH em primeiro turno na próxima terça-feira (6/5). Caso aprovada por maioria simples (21 votos), poderá seguir diretamente para o segundo turno, sem necessidade de nova análise pelas comissões.
Benefícios do monitoramento contínuo
O monitoramento contínuo da glicose (MCG) representa um avanço significativo no controle do diabetes tipo 1. Diferentemente dos métodos tradicionais, que exigem múltiplas picadas diárias no dedo para medir a glicose, os sensores de MCG oferecem leituras em tempo real, facilitando ajustes imediatos na administração de insulina e na alimentação. Isso é especialmente benéfico para crianças e adolescentes, que enfrentam desafios adicionais no manejo da doença.
O uso desses dispositivos melhora a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo complicações e hospitalizações. A proposta já recebeu pareceres favoráveis das Comissões de Legislação e Justiça; Saúde e Saneamento; Administração Pública e Segurança Pública; e Orçamento e Finanças Públicas.
As consequências do descontrole glicêmico

Não monitorar corretamente o diabetes tipo 1 pode gerar complicações graves, muitas vezes irreversíveis. A glicemia desregulada afeta todo o organismo, e os danos podem surgir em curto, médio e longo prazo.
Entre as principais complicações associadas ao mau controle da glicose estão:
- Retinopatia diabética: Pode levar à perda parcial ou total da visão.
- Nefropatia diabética: Compromete os rins e pode evoluir para insuficiência renal crônica.
- Neuropatia diabética: Afeta os nervos, causando dores, formigamentos, dormência.
- Doenças cardiovasculares: Aumenta significativamente o risco de infarto, AVC e hipertensão.
- Pé diabético: Pequenas feridas podem evoluir para infecções graves e até amputações.
- Cetoacidose diabética: Quadro grave que pode levar ao coma e à morte se não tratado rapidamente.
Essas complicações não somente impactam a qualidade de vida, mas também representam custos elevados para o sistema público de saúde. O uso de sensores pode ajudar a evitar muitos desses problemas com alertas preventivos e maior controle da glicemia.
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O diabetes tipo 1 no Brasil
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que impede o pâncreas de produzir insulina, hormônio essencial para o controle da glicose no sangue. No Brasil, estima-se que cerca de 600 mil pessoas vivam com essa condição, incluindo aproximadamente 92.300 crianças e adolescentes, colocando o país na terceira posição mundial em incidência de diabetes tipo 1 infantil — atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos (SBP).
Estudos indicam que, dependendo da região do país, pessoas com diabetes tipo 1 podem perder, em média, 38 anos saudáveis de vida, considerando um diagnóstico aos 10 anos de idade (ADJ Diabetes Brasil).
Tratamento oferecido pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para o diabetes tipo 1, incluindo insulinas humanas NPH e regular, além de acompanhamento médico e monitoramento da doença nas Unidades Básicas de Saúde/Centros de Saúde (UBS) .
O tratamento ideal envolve cinco pilares principais: educação sobre a doença, insulinoterapia, automonitoramento glicêmico, orientação nutricional e prática de atividade física regular. Em algumas unidades de saúde, pacientes também recebem tiras para medição capilar da glicose.
Avanços recentes no tratamento
Em 2025, a Anvisa aprovou a primeira insulina semanal disponível no Brasil: a Awiqli, da farmacêutica Novo Nordisk. O novo medicamento pode beneficiar pessoas com diabetes tipo 1 e 2, com menos aplicações e mais comodidade — embora ainda não haja previsão de chegada ao SUS.
Além disso, pesquisas com células-tronco e medicina regenerativa seguem em curso, visando reduzir a necessidade de insulina externa e, futuramente, oferecer cura para o diabetes tipo 1.
A aprovação deste projeto de lei pode representar um salto de qualidade no atendimento à população com diabetes tipo 1 em Belo Horizonte. Com acesso a tecnologias modernas e monitoramento eficaz, será possível evitar complicações e melhorar drasticamente a rotina e a expectativa de vida desses pacientes.
Redação: Marcos Silva | redacao1@comunidadeemacao.com.br