Mulheres inspiradoras transformam a Região Norte. O COMUNIDADE EM AÇÃO celebra o Mês Internacional da Mulher com uma matéria especial que destaca a força e a resiliência de líderes femininas e empreendedora que atuam na Norte. Por meio de seus projetos e iniciativas, transformam e contribuem para o desenvolvimento da comunidade.

 

Em 2024, apesar dos avanços conquistados, as mulheres ainda enfrentam desafios como feminicídios, desigualdade salarial e a pressão estética. No entanto, a sororidade e a força feminina se fortalecem a cada dia, impulsionando a busca por um futuro mais justo e igualitário. As líderes entrevistadas demonstram que, mesmo diante de obstáculos, é possível superar barreiras e alcançar grandes feitos.

Conheça as histórias inspiradoras de cada mulher:

 

Benedita: Uma História de Superação e Protagonismo

Benedita Dias dos Santos Souza, moradora do bairro Vila Clóris, é um exemplo de resiliência e protagonismo. Como presidente do Núcleo de Sem Casa Santíssima Trindade desde 1995 (formalizado em 2006), Benedita tem ajudado a transformar a vida de centenas de pessoas que pagam aluguel e estão em situação de vulnerabilidade. Sua história é um exemplo de superação, mostrando que é possível ser protagonista da própria história, independentemente das circunstâncias.

“Reconheço que, a muito custo, aprendi a importância de ser uma mulher determinada e de luta. Essa jornada de autoafirmação fez com que me destacasse por meus próprios méritos, sem depender da figura masculina. O nosso trabalho comunitário resultou em várias melhorias, como a implementação do posto de saúde do bairro Campo Alegre e obras em vias e praças. Participar dessas ações nos ajuda a evitar a depressão e traz um sentimento de reconhecimento”.

Benedita possui 61 anos, é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos. Atua como conselheira titular na UPA Norte, conselheira distrital de saúde e é integrante do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento pelo Estado, além de conselheira de habitação e do COMPUR.

 

Cristiene: Transformando Vidas Através do Ballet

Cristiene Alcântara Valente é a fundadora da Oficina Develloppés, um projeto que há 16 anos tem levado o ballet clássico ao bairro Guarani, democratizando o acesso à dança. Graduada em educação física e com diversas especializações na área, ela iniciou sua jornada na dança em 1979. Sua paixão a levou a explorar diferentes modalidades, culminando na criação da Oficina em 2006.

Apesar dos desafios iniciais, como a falta de estrutura, a persistência de Cristiene resultou em um crescimento significativo, passando de 5 alunas para mais de 160 por ano. Além do ensino técnico do ballet, o espaço se destaca por cultivar valores essenciais e proporcionar benefícios físicos. Para Cristiene, “a Oficina é mais do que uma escola de dança, é um ambiente de formação cidadã”. Seu legado inspirador reflete o poder transformador da paixão pela dança: “a Oficina representa um farol de esperança”, afirmou.

“Apesar das mulheres terem mais liberdade para alcançar seus objetivos hoje em dia, enfrentam uma sobrecarga de responsabilidades ao desempenhar múltiplos papéis na sociedade e lidar com altas expectativas em relação à vida social, familiar e profissional. A tecnologia excessiva tem transformado crianças em mini-adultos, onde a preocupação com a beleza muitas vezes supera o valor do brincar; ter ‘seguidores’ acaba sendo mais importante do que cultivar amizades verdadeiras e investir na qualidade da educação”, reflete. Aos 54 anos, a professora Cris, como é conhecida, é mãe e avó, mantendo-se ativa e inspiradora em sua missão de transformar vidas por meio da dança.

Cida: Uma Mulher de Garra e Inspiração para Todas

Cida, proprietária do Bar da Cida, no bairro Floramar, é um exemplo de mulher forte, resiliente e visionária. Ela incentiva as mulheres a buscar seu espaço no mundo, ressaltando a importância da visão feminina para o sucesso. Apesar das dificuldades enfrentadas no passado, Cida conquistou o sucesso com perseverança, junto com seu parceiro Chicão. Juntos, administram o bar com amor e dedicação, oferecendo um ambiente acolhedor. Sua história inspira as mulheres a superarem desafios e conquistarem seus objetivos.

 

“É evidente que hoje as coisas melhoraram muito, mas quando comecei, havia muita desconfiança, desvalorização. Eu lutava (quase) sozinha para conquistar o meu lugar. O Bar da Cida é fruto de um desejo meu: ‘Um dia virei para o Chicão e disse: vamos fazer algo para nós!?’. Tenham garra, não desistam e busquem o próprio espaço. Acreditem na força de vocês, porque nós, mulheres, temos visão, e viemos ao mundo para brilhar”, reforça a cozinheira Cida, que há mais de três décadas é sinônimo de qualidade, simpatia e boa comida. Na juventude dos seus 65 anos, Cida é mãe de dois homens, e já sonha em ter netas ou netos “quero muito brincar com os meus netinhos”.

Geralda: Promovendo Inclusão Social no Bairro Guarani

Geralda Maria de Oliveira, de 71 anos, é uma verdadeira inspiração! Sua dedicação à Sociedade Comunitária do Bairro Guarani (SCOBAG) e sua missão de promover a inclusão social são admiráveis. Ela e sua equipe estão fazendo um trabalho incrível, oferecendo suporte às pessoas de todas as idades e origens, e ajudando a transformar vidas por meio de projetos sociais. A atuação da SCOBAG, que vai desde a distribuição de cestas básicas até a promoção de atividades físicas e sociais, mostra o compromisso em atender às necessidades diversas da comunidade.

Além disso, o foco no bem-estar emocional dos participantes e a criação de um ambiente seguro para aqueles que vivem em contextos de violência são aspectos muito importantes do trabalho realizado por Geralda e sua equipe. É notável também o apoio que Geralda recebe de sua filha e de toda a equipe da Sociedade Comunitária do Bairro Guarani (SCOBAG), formando uma verdadeira família dedicada a fazer a diferença na comunidade.

“Aqui, na associação, cada aluno tem sua própria necessidade. Enfatizamos o objetivo de trabalhar o corpo para refletir na saúde. Como diz o ditado, ‘mente sã, corpo são’. Homens e mulheres resgatam a dignidade, a autoestima e se sentem mais valorizados”, afirma a ativista social que se dedica há mais de 20 anos à comunidade, na qual vive.

A Voz Experiente de Maria Lúcia: Um Testemunho da Evolução Feminina

Maria Lúcia da Silva: Pedagoga, Secretária da Associação Comunitária de Amigos e Usuários do Sofia Feldman há mais de 15 anos, Coordenadora do Projeto Ouvidoria, Integrante da Comissão Local do Centro de Saúde Guarani. Professora com uma longa carreira, esposa, mãe e avó aos 80 anos, Maria Lúcia é a personificação da mulher ativa e engajada em sua comunidade na região Norte.

“Nos últimos anos, tenho sentido que as mulheres deram um grande salto em termos de pensamento e libertação. Costumávamos ser muito tolhidas e pressionadas, perdendo em todos os sentidos. Eu era muito observadora e testemunhava mulheres se ferindo ou se torturando por engravidarem e não receberem acolhimento, especialmente durante os anos 1960/1970. Ser mãe solteira era considerado uma afronta. Infelizmente, ainda hoje percebo que muita coisa ainda precisa mudar. Acredito que ninguém deveria ser mandado, cada pessoa deve ser livre. Este mundo pertence a nós e cada uma tem o seu lugar”, dispara com uma sabedoria ímpar.

Para Maria Lúcia, “o grande segredo é saber fazer a pergunta. Acredito que isso representa uma nova forma de enxergar a realidade e agir de acordo com essa nova perspectiva”. Maria Lúcia nos convida a refletir sobre a evolução feminina, a importância da liberdade e o poder transformador de nunca parar de perguntar.

O COMUNIDADE EM AÇÃO celebra a força e a resiliência das mulheres e convida a todos para se unirem na luta por um futuro mais justo e igualitário.

 

Realidade cruel

Os dados sobre a violência contra a mulher no Brasil são estarrecedores e exigem atenção imediata. A cada hora, cerca de 30 mulheres são vítimas de agressão física, e a cada 10 minutos, uma mulher é brutalmente violentada através do estupro. Diante dessa realidade cruel, é fundamental mobilizar a sociedade e implementar medidas efetivas para prevenir e combater a violência de gênero.

Estratégias para o combate

É crucial ampliar campanhas educativas que conscientizem a sociedade sobre a gravidade da violência contra a mulher, seus impactos e a necessidade de mudança. Além disso, é importante implementar programas de educação em todos os níveis de ensino que promovam a igualdade de gênero, o respeito e a tolerância. Fortalecer e investir em políticas públicas que garantam proteção e apoio às vítimas de violência, como a Lei Maria da Penha, é essencial para enfrentar esse problema.

Também é fundamental ampliar e fortalecer a rede de apoio às vítimas, proporcionando acesso a serviços especializados de atendimento psicológico, jurídico e social. Incentivar a construção de uma cultura de respeito às mulheres, livre de machismo e misoginia, através de ações que promovam a igualdade de gênero em todos os âmbitos da sociedade é uma medida crucial. O combate à violência contra a mulher é um compromisso coletivo.

 

Acesse neste link o  Atlas 2023: Violência contra Mulher 

Canais de Denúncia

Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive feriados. A ligação é gratuita e o atendimento é sigiloso.

Polícia Militar: 190

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher:

Endereço: Avenida Barbacena, 288, Barro Preto, BH

Telefone: (31) 3330-5752

Plantão: 24 horas

Reportagem: Raquel Santiago

Fotos: Arquivo Pessoal | cedidadas ao Jornal & Portal COMUNIDADE EM AÇÃO