A pandemia do novo coronavírus tomou de assalto à vida das pessoas causando doenças físicas e emocionais. O coronavírus não é o primeiro causador de pandemias mundiais. Relembre outras doenças que mudaram o rumo da história da humanidade: A peste bubônica, que assolou a Europa no século 14 matando entre 75 e 200 milhões. A varíola, doença que atormentou a humanidade desde antes da era cristã. A varíola foi erradicada do planeta em 1980, após campanha de vacinação em massa. A Cólera, sua primeira epidemia global, em 1817, matou centenas de milhares de pessoas e ainda é considerada uma pandemia. A Gripe Espanhola, acredita-se que entre 40 e 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia de gripe espanhola de 1918 causada por um vírus influenza mortal. O presidente do Brasil, Rodrigues Alves, morreu da doença em 1919. A Gripe Suína (H1N1), foi o primeiro causador de pandemia do século 21. O vírus surgiu em porcos no México, em 2009, e se espalhou rapidamente pelo mundo, matando 16 mil pessoas.
A pandemia do novo coronavírus está causando medo em todo o mundo, e não é para menos. Quando pensam na população brasileira, 69% se sente insegura, 30%, seguros. O sentimento de tristeza associado ao país é compartilhado por 63% dos brasileiros, e apenas 34% estão felizes. Também é majoritário o sentimento de desânimo (59%), enquanto 39% estão animados, e o medo do futuro (57%), com 41% manifestando confiança no futuro. Quando o tema é esperança, 53% dizem ter mais esperança do que medo, e 46%, mais medo do que esperança. Esses dados são um recorte de uma pesquisa de opinião pública Datafolha sobre o sentimento da nação brasileira em relação À pandemia. O que mais chama a atenção é o item da pesquisa que fala sobre o medo.
O vírus causador da Covid-19 já infectou mais de 500 mil pessoas em centenas de países, com milhares de casos mortais. O cenário é semelhante ao que já aconteceu em outros momentos da humanidade em que as doenças se espalharam pelo mundo e causaram prejuízos enormes.
A “dor” física tem sido presenciada nos noticiários, os cientistas à busca de medicamentos e vacinas para conter a Covid-19, doença que tem deixado o rastro do medo.
A versão desconhecida do coronavírus afetou o emocional da sociedade, uns mais abalados, outros menos. Quanto à doença física têm-se médicos e cientistas para cuidar, mas a emocional, como fica?
“O emocional também têm profissionais pra cuidar. A psicologia e psiquiatria são alguns dos exemplos. O problema é que o Brasil historicamente tem dado pouquíssima importância à saúde mental tanto no que diz respeito aos investimentos econômicos quanto em termos de significação. Estamos colhendo agora, mais que nunca, os resultados disso.” quem afirma é a psicóloga Julie Soares.
As palavras medo, assustador, futuro e fé destacam no vocabulário das pessoas em época de pandemia. Se o desconhecido vírus gera medo nas pessoas, este sentimento é um mecanismo natural de defesa do ser humano que a psicóloga concorda, “Sim, o desconhecido costuma despertar medo. É até uma resposta evolutiva.”
Se o medo é apenas um mecanismo de defesa primitivo diante da pandemia, existe quem questiona a imposição do isolamento social, as causas e efeitos. A psicóloga Julie Soares afirma é correto o debate pela sociedade.
“Sim, é supercorreta a discussão política acerca da pandemia, pois ela escancara tanto os benefícios de termos sociedades organizadas em “Estados” quanto a responsabilidade dos governantes e, por extensão (no caso de sociedades democráticas), a responsabilidade de quem os elege.
A desconsideração da ordem de isolamento para pessoas que não trabalham nos serviços sociais e que podem se manter em casa (há questões de raça e classe aqui, é preciso observar) tem sim efeito moral, pois a moral vigente depende muito das atitudes das pessoas de um determinado contexto social e comunitário e como a pandemia impõe mudanças de hábito novas a maneira como cada pessoa se comporta influencia diretamente no comportamento das pessoas que estão no seu entorno.”
Questionada sobre quais valores a sociedade deve priorizar diante da situação da crise da pandemia, a psicóloga explica: “Os principais valores a serem considerados e preservados, nesse momento, me parecem ser os valores da vida e do bem-viver não só do “eu”, mas também do “outro”. Têm-se estabelecido erroneamente um conflito entre o valor da vida e os interesses econômicos, mas é preciso lembrar que sem vida humana não há economia, já que a economia é criação nossa. E a economia deve ser vista como algo que compõe o grupo de recursos para manutenção da vida e do bem-viver e não o contrário. Para algumas muitas pessoas, o isolamento social é algo impensável. Ou mesmo impossível.
Julie
Soares chama atenção para aquelas pessoas que são os provedores da
família e como precisam sair, criticam a politica social dos nossos
governantes.
“Há pessoas que trabalham nos serviços
essenciais, e essa é uma exceção da qual não se costuma esquecer
(principalmente quando se fala ” Se puder, fique em casa”),
mas também há aquele número enorme de pessoas que não comem e não
alimentam filhas e filhos se não saírem de casa. A política social
do Governo Federal é deplorável! E é uma política essencial para
se obter a taxa de isolamento social necessária.”
A psicológa questiona a situação das pessoas que estão em condição de rua, pessoas que nem casa possuem para retornar. “Que isolamento social é possível pensar numa sociedade que mantém tantas pessoas sobrevivendo na rua?”
O importante diante desta situação é manter a serenidade, se existe um problema que você pode resolver, não fique preocupado. Se existe um problema que você não consegue resolver, não preocupe com ele. Nada de pânico, esteja melhor para o futuro.